Por que os Terapeutas Ocupacionais utilizam atividades?

Os terapeutas ocupacionais analisam, adaptam, sintetizam e ensinam atividades aos clientes que, por algum motivo físico, cognitivo, emocional e/ou social, apresentam dificuldades em seu desempenho ocupacional (atividades da vida diária - AVD, atividades produtivas/trabalho, jogos/lazer etc.).
Os objetivos da intervenção embasada em atividades são: melhorar o desempenho nas atividades específicas e intervir nos componentes de desempenho (sensório motor, cognitivo e psicossocial/psicológico), que irão qualificar os clientes a realizar um grande número de tarefas.
As atividades serão variadas e prescritas para cada pessoa. Será levado em conta a capacidade física e cognitiva de cada indivíduo.

As atividades escolhidas pelo terapeuta ocupacional, para trabalhar as funções cognitivas, têm como objetivo favorecer certos movimentos específicos, geralmente relacionados com a recuperação funcional.

Nem todos os atendimentos e/ou atividades são realizados em domicílio, também podem ser realizadas fora do ambiente clínico. Nós, terapeutas ocupacionais, vibramos quando vemos nossos pacientes retornando às suas atividades. Por exemplo, o uso da fotografia no processo terapêutico ocupacional pode ser usada na reabilitação cognitiva. A fotografia possui potencial transformador.

O terapeuta ocupacional é o profissional que analisa e treina as Atividades instrumentais da vida diária (AIVD). 
Uma pessoa com quadro de demência na fase moderada, pode não conseguir executar tarefas simples a complexas. O preparo de uma refeição pode tornar-se inviável, pois a função executiva fica comprometida.
Os principais objetivos terapêuticos são: engajar o cliente na atividade que antes fazia em casa, incentivar a criatividade e estimular a capacidade de planejamento, raciocínio, resolução de problemas etc. As atividades precisam ser analisadas para cada cliente e precisam de supervisão durante sua execução.

Paciente com sequela de AVC: hemianopsia à esquerda e negligência unilateral.
O terapeuta ocupacional desempenha um papel-chave durante a recuperação funcional do indivíduo que sofreu um AVC. 
Somos capazes de ajudar o cliente a adquirir independência e dignidade. É preciso que o terapeuta entenda o seu cliente dentro do seu contexto de sua vida cotidiana e que elabore um plano terapêutico capaz de auxiliar no retorno de suas atividades diárias. 
Os movimentos necessários à execução da tarefa proposta, merecem atenção especial, com objetivo de evitar o aumento de tônus muscular do dimidio afetado e ajudar no processo da bimanualidade, proporcionando uma simetria corporal.

Em alguns casos de sequela de Acidente Vascular Cerebral (AVC), depois de trabalhar os componentes de desempenho ocupacional (sensório-motor), passamos para o estímulo das áreas de desempenho (atividade de vida diária e instrumentais de vida diária). Estimulando e organizando o "segurar e o soltar", através de uma atividade funcional.

Cito o caso de uma pintora com lesão no lóbulo occipital, e com alteração grave na percepção visual, que está conseguindo se reabilitar através da terapia ocupacional. Voltar a pintar retrato de pessoas pode não ser possível, mas a arte é tão rica e intensa que hoje esta paciente vem experimentando e criando lindos trabalhos de pintura e de desenhos, onde podemos observar novos traçados, linhas e formas.
O estudo da neuropsicologia na arte, vem me mostrando novos caminhos para a reabilitação e principalmente quando falamos de neuroplasticidade.

No treinamento para retorno funcional, manter a respiração consciente, ganhar força, extensão de punho e resistência são importantíssimos para o resultado final em realizar uma atividade de vestiário.

A análise do desempenho frequentemente enfoca a identificação de problemas nas atividades pessoais e domésticas na vida cotidiana.
- Observar o cliente desempenhando a tarefa;
- Definir e registrar as habilidades utilizadas;
- Considerar os papéis participantes;
- Levantar prováveis causas da disfunção.
Entender e trabalhar as tarefas ocupacionais é de competência do terapeuta ocupacional.

Na doença de Alzheimer, na fase intermediária, o paciente começa a apresentar uma perda da imagem corporal e do esquema corporal. Assim, percebemos que seu desempenho ocupacional é afetado.
Que alteração é essa? De que forma o contexto ocupacional fica prejudicado? Vocês entendem o que é apraxia?
Procure um terapeuta ocupacional para trabalhar e orientar o cuidador / familiar de forma correta nas atividades de vida diária e instrumentais de vida diária.
Existem formas de impulsionar o estímulo correto, e assim intervir na apraxia.
Atendi uma paciente que iniciou apraxia ao se alimentar. Estou intervindo junto com a família para que ela continue comendo com autonomia e independência.

Paciente de 56 anos de idade, acamado, sem estímulos e com um quadro de hemiparesia evoluído para tetraparesia. Retiro-o do leito para atendê-lo. Trabalho com diversos estímulos, para que ele possa perceber o mundo de outra forma. Integro os sentidos, como a visão, sensibilidade proprioceptiva, superficial e a audição.

Como terapeuta ocupacional, me sinto realizada a cada atendimento.
"E a esperança renasce a cada passo e renasce a cada fim".
Paciente J. M.

Referências:

Terapia Ocupacional - Capacidades Práticas para as Disfunções Físicas
por Lorraine Williams Pedretti / Mary Beth Early

Terapia Ocupacional e Derrame Cerebral
por Mike Ridley (Autor), Judi Edmans (Autor), Annette Champion (Autor), Louise Hill (Autor)

Fundamentos da Prática em Terapia Ocupacional
por Rosemary Hagedorn



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